domingo, 22 de agosto de 2010

Caso do assassinato de Rosalina Ribeiro: Sigilo de Duarte Lima em segredo

«Ordem dos Advogados recusou informar brasileiros sobre pedido de levantamento



O Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados recusou fornecer informação à Polícia brasileira sobre o estado do pedido de levantamento do sigilo profissional a Duarte Lima, no caso do assassinato de Rosalina Ribeiro, no Brasil. A Ordem invocou o… sigilo.

O pedido de informação tinha sido efectuado pela Polícia brasileira, dias depois de o próprio advogado de Duarte Lima, Germano Marques da Silva, ter dito ao JN que o seu cliente já não estava sujeito ao sigilo profissional desde Março passado, altura em que a Ordem deferiu o pedido efectuado por Lima. A Ordem invocou agora o estatuto deontológico da classe.

O advogado e ex-deputado mandou uma cópia do pedido de levantamento de sigilo às autoridades brasileiras, no qual dizia que informaria sobre o seu desfecho, mas cinco meses volvidos nada tinha dito, pelo que os brasileiros interpelaram directamente a Ordem.

Duarte Lima invocou o sigilo profissional quando falou com a Polícia brasileira durante cerca de uma hora ao telefone, designadamente para se recusar a referir quais as razões do encontro com Rosalina Ribeiro - que disputava em tribunal uma parte da herança do magnata Lúcio Thomé Feteira - na noite em que foi assassinada, a 7 de Dezembro do ano passado.

A principal herdeira de Lúcio Thomé, a sua filha Olímpia, acusou Rosalina de ter desviado milhões de contas do magnata e moveu-lhe um processo que foi arquivado. Mas a resposta de um banco suíço a cartas rogatórias da Justiça portuguesa no âmbito deste processo viria a revelar que cerca de seis milhões de euros tinham sido transferidos para uma conta de Duarte Lima na Suíça.

Rosalina, de 74 anos, tinha dito a várias amigas que tencionava jantar com Duarte Lima no Alcaparra, um restaurante de luxo situado na praia do Flamengo, a cerca de cinco minutos a pé da sua casa. A mulher saiu de casa às 19.59 horas, segundo o registo do sistema de vigilância do prédio e o seu trajecto foi monitorizado por câmaras de prédios até ao cruzamento com a Rua de Corrêa Dutra, a cerca de 100 metros. Depois existe um prédio em obras que não tem câmaras e no prédio seguinte ela já não apareceu.

É aqui que entra Duarte Lima. O advogado disse por telefone e por fax à Polícia que tinha apanhado Rosalina e que a levara no seu carro até uma cafetaria próxima, onde falaram durante 20 minutos. Mas o advogado não terá identificado o estabelecimento e em nenhum dos que existem na zona onde ele ou Rosalina foram referenciados.

O resto da história é também da responsabilidade de Duarte Lima. A pedido de Rosalina levou-a ao encontro de uma mulher de nome Gisele - que a Polícia também não consegue localizar - em Maricá, a cerca de 65 quilómetros de Rio de Janeiro, onde a deixou junto a uma hospedaria, cujas câmaras também não registaram a presença de nenhum deles. Depois, Lima regressou ao Rio, deixando a sua cliente. A septuagenária seria morta pouco depois com tiros na cabeça e no peito.»

Texto in JN online, 22-8-2010

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