domingo, 22 de agosto de 2010

Directoria de Lisboa da Polícia Judiciária analisa caso de Rosalina Ribeiro

«A polícia brasileira já enviou alguns elementos sobre o homicídio de Rosalina à PJ. Decisão de abrir inquérito cabe ao MP



A brigada de homicídios da Polícia Federal do Rio de Janeiro, que está a investigar o assassínio de Rosalina Ribeiro, já enviou alguns elementos para a Polícia Judiciária portuguesa, segundo apurou o DN junto de fonte policial. Não foi possível confirmar que dados chegaram em concreto, mas é certo que as autoridades brasileiras querem esclarecer o papel do advogado Duarte Lima no caso. Motivo: foi a última pessoa a ver Rosalina Ribeiro com vida.

A decisão de abrir um inquérito em Portugal, com o objectivo de interrogar Duarte Lima, terá de partir do Ministério Público depois de analisados os elementos enviados pela polícia brasileira à Polícia Judiciária. Fonte da PJ adiantou ao DN que "o caso está a ser tratado pela directoria de Lisboa".

A PJ pediu às autoridades brasileiras cópia do inquérito ao homicídio, onde se incluem os depoimentos de testemunhas como Olímpia Feteira de Menezes, filha de Tomé Feteira, e Duarte Lima, advogado de Rosalina que prestou o seu testemunho por carta enviada às autoridades brasileiras (e já publicada pelo DN). A decisão de abrir ou não inquérito caberá a Maria José Morgado, coordenadora do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, que ontem não estava contactável.

Duarte Lima era advogado de Rosalina Ribeiro há dez anos, desde que o empresário Lúcio Tomé Feteira fez da sua secretária e amante herdeira de parte substancial da sua fortuna. No dia 7 de Dezembro de 2009, Rosalina Ribeiro saiu do prédio onde morava, na praia do Flamengo, Rio de Janeiro, ao princípio da noite, para ir ao encontro de Duarte Lima, alegadamente para discutir questões do seu património, avaliado em dezenas de milhões de euros, espalhados por Portugal e pelo Brasil. Cerca de duas horas depois do encontro, Rosalina era assassinada com dois tiros, na região dos Lagos, estado do Rio de Janeiro. Segundo declarou Duarte Lima em carta enviada à polícia brasileira, deixou Rosalina às 21.20 em Maricá. A amante de Tomé Feteira foi ao encontro de uma mulher chamada Gisele, loura e que usava óculos de aros escuros. As amigas de Rosalina já declararam não conhecer nenhuma Gisele. A polícia brasileira continua à procura da mulher-mistério.

Segundo contou ontem ao DN José Maria Gonçalves, uma das duas testemunhas do testamento feito por Rosalina Ribeiro em Setembro de 2009, a amante de Tomé Feteira deixou expresso "que, após a sua morte, gostaria de ser cremada e que lhe cortassem os pulsos". José Maria Gonçalves conheceu Rosalina "há muitos anos" quando ela frequentava o seu restaurante na zona de Lisboa, sempre na companhia de Lúcio Tomé Feteira. O DN tentou também contactar a outra testemunha do testamento, um colega de José Maria Gonçalves, sem sucesso. O advogado brasileiro de Rosalina, Normando Ventura, também conhecia a "vontade expressa no testamento". "Também estranhei ao início. Depois concluí que só pode ter desejado a cremação e que lhe cortassem os pulsos por receio de ser enterrada viva."

in DN online, 22-8-2010

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