quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Duarte Lima é suspeito de envolvimento no assassínio da portuguesa Rosalina Ribeiro no Rio de Janeiro, diz a polícia no Brasil

«Inquérito da polícia, ao qual o CM teve acesso, tem 14 perguntas e diz que versão não bate certo.



Por que razão foi ao Brasil para se encontrar com Rosalina quando esta tinha viagem para Portugal na semana seguinte? Por que razão se encontrou com a cliente num café e não na sua casa?

Estas são apenas duas das 14 perguntas que a Polícia Civil do Brasil enviou a Duarte Lima, em Fevereiro, altura em que assumiu que o advogado português é suspeito da morte de Rosalina Ribeiro, companheira e herdeira do milionária Tomé Feteira.

Segundo o inquérito da Justiça brasileira, ao qual o CM teve acesso, Duarte Lima é, claramente, considerado suspeito. A investigação, a cargo do Departamento de Homicídios do Rio de Janeiro, foi iniciada a 29 de Janeiro e logo a 9 de Fevereiro foram enviadas por e-mail 14 questões dirigidas a Duarte Lima, última pessoa a ver Rosalina com vida. Aliás, seis dias depois o ex--deputado contratou dois advogados brasileiros e a 18 de Fevereiro pediu o levantamento do sigilo à Ordem dos Advogados.

Segundo o advogado português – que tomou a iniciativa, a 12 de Dezembro, de enviar um e-mail à polícia a dar conta do desaparecimento de Rosalina, informando logo que a tinha deixado, na noite de 7 de Dezembro, em Maricá (a 90 km do Rio) – este teve um encontro de meia hora com a sua cliente num café perto da sua casa, no bairro Flamengo, e levou-a, depois, a seu pedido a Maricá, onde a deixou com uma mulher loira de nome Gisele.

No entanto, a polícia não acredita na versão. 'Nenhuma das pessoas entrevistadas se lembra de ter visto Rosalina na companhia de uma mulher loira', lê-se no inquérito, onde os investigadores acrescentam: 'Após exame e análise de todo o material não se detectou nenhum detalhe que corrobore a versão de Duarte Lima'.

O CM tentou durante todo o dia de ontem, sem sucesso, entrar em contacto com Duarte Lima para obter uma reacção à posição da polícia brasileira.

DELEGADO DO CASO BRUNO

Felipe Renato Ettore, o delegado (inspector) do Rio de Janeiro que investiga a morte de Rosalina Ribeiro, ingressou na polícia há 15 anos como oficial de cartório. Passou a delegado a 17 de Novembro de 2008, e a sua ascensão na carreira foi meteórica. Depois de fazer sucesso chefiando esquadras de regiões muito violentas do Rio, comanda há menos de um ano, com apenas 37 anos, a Divisão de Homicídios. Pelas suas mãos já passaram outros casos de grande repercussão, como o que envolve o ex-guarda-redes do Flamengo, Bruno, suspeito de matar a amante. Foi ele quem o ouviu em primeiro lugar.

FILHA FORA DO TESTAMENTO

A guerra travada por quase dez anos entre Olímpia Feteira, filha do milionário Lúcio Tomé Feteira, e Rosalina Ribeiro, que durante 32 anos foi amante e secretária dele, começou assim que foi conhecido o testamento deixado pelo empresário, que morreu dia 15 de Dezembro de 2000, aos 98 anos. Feteira deixou Olímpia de fora da parte da herança testamentária e contemplou Rosalina. Mas a filha e outros herdeiros reclamaram nos tribunais.

No documento, lavrado a 3 de Fevereiro de 1999, Feteira deixou 15% da fortuna para Rosalina, 80% para a criação da Fundação Família Feteira, destinada a receber idosos carenciados mas que até agora não se concretizou, e 5% para uma sobrinha. Mas Olímpia e outros interessados, nomeadamente os herdeiros de Adelaide Guerra dos Santos Feteira, mulher do milionário que morreu anos depois dele, contestaram nos tribunais portugueses a parte de Rosalina e o processo arrastou-se. No dia 10 de Março deste ano, a Justiça deu ganho de causa a Rosalina, garantindo-lhe a sua parte na herança, mas de nada lhe valeu. A portuguesa tinha sido assassinada três meses antes, a 7 de Dezembro. No Brasil, porém, Rosalina viu ser-lhe negado o reconhecimento de união estável com o empresário.»

in CM online, 12-8-2010

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