quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Rosalina Ribeiro saiu sem telemóveis na noite em que foi executada



«Rosalina Ribeiro deixou os seus três telemóveis em casa na noite em que foi assassinada, depois de Duarte Lima a ter levado até uma mulher ainda não identificada. Este facto reforça a convicção das autoridades de que a mulher planeara só uma breve saída de casa.

Os três aparelhos estão na posse das autoridades brasileiras, que os recuperou na residência da portuguesa assassinada em circunstâncias misteriosas, na noite de 7 de Dezembro de 2009, e terão já sido minuciosamente analisados.

Para amigos da herdeira do magnata Lúcio Thomé Feteira, e para as próprias autoridades, é pouco credível a ideia de que Rosalina tenha saído de casa para um encontro a cerca de 65 quilómetros de distância sem levar telefones. E tudo se torna mais estranho dado o pavor que a portuguesa tinha de sair à noite, por temer a violência de rua.

Na noite em que foi assassinada com tiros no peito e na cabeça, Rosalina, que tinha 74 anos, saiu de casa um minuto antes das 20 horas para um encontro com Duarte Lima que o próprio confirmou. Disse o advogado-conselheiro da portuguesa que esteve com a cliente numa cafetaria das imediações da sua residência. Às amigas, a mulher tinha dito que pensava jantar no restaurante Alcaparra, a cerca de 100 metros.

Às autoridades, Duarte Lima contou que, no seu carro alugado, conduziu Rosalina até Maricá, a cerca de 65 quilómetros, ao encontro de Gisele, uma mulher loura que a Polícia ainda não conseguiu localizar.

Várias testemunhas próximas da vítima garantiram às autoridades não conhecer esta mulher e, ao contrário do que era habitual em Rosalina Ribeiro, não existia qualquer referência nas suas agendas a este encontro.

Lima terá avançado outros pormenores quando o colega brasileiro, Normando Ventura, que também representava Rosalina, lhe comunicou o desaparecimento. “Disse-me que, como ele não conhecia o caminho, foi ela que lhe o foi indicando”, relembrou ao JN. Segundo o relato de Duarte Lima, este deixou ambas as mulheres e regressou ao Rio de Janeiro pelas 22 horas, cerca de um quarto de hora antes da hora da morte, estimada por peritos médico-legais.

Normando Ventura só vê uma explicação para o crime: a enorme herança deixada por Lúcio Thomé Feteira, “directa ou indirectamente”, mas não arrisca explicações concretas ou suspeitos. “Quinze dias antes, ela manifestou intenção de vender o seu quinhão na herança, mas eu desaconselhei-a. E o dr. Duarte Lima disse-me que fez o mesmo”, afirma. “Havia processos judiciais por resolver que poderiam ter consequências futuras”, esclarece.

Quanto à investigação, classifica-a de extremamente difícil e considera que o facto de Lima não aprofundar os esclarecimentos ainda a torna “mais complicada”, por exemplo para a elaboração de “um retrato-robot” da mulher a quem deixou Rosalina. “Essa é a principal dificuldade da investigação e é o que leva a Polícia a considerar Duarte Lima como suspeito”, disse ao JN.

Brasileiro recebeu 200 mil euros

Rosalina Ribeiro terá entregue, antes de morrer, cerca de 200 mil euros a Normando Ventura Marques, advogado que representava os seus interesses no Brasil há cerca de uma década, apurou o JN.

O pagamento terá acontecido durante a sua estadia no Rio de Janeiro, entre Setembro e 7 Dezembro do ano passado, dia em que foi assassinada. A verba foi entregue a título de honorários, mediante o trabalho do causídico em dois processos instaurados no Brasil relacionados com a herança do milionário Lúcio Thomé Feteira. Porém, ao JN, Normando Ventura diz que só iria fazer contas com Rosalina no final dos processos que ainda decorriam no Brasil.

Um deles tem a ver com o pedido de reconhecimento de união estável com o magnata de quem foi companheira durante 30 anos – que foi negado pela justiça brasileira. Outro processo refere-se a uma exigência de prestação de contas a Olímpia Feteira, filha de Lúcio e cabeça-de-casal da herança.»
Texto in JN online, 19-8-2010

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