segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Oliveira do Bairro: Pai de juíza filmado a executar advogado (post actualizado com vídeo)

«Homicídio ocorreu durante visita de Cláudio Rio Mendes à filha, de apenas quatro anos. Sobrinha da namorada da vítima gravou com o telemóvel o momento em que o causídico foi morto.


- O crime ocorreu ontem de manhã no parque de merendas da Mamarrosa, em Oliveira do Bairro -


As discussões com a família da ex-companheira, juíza em Ílhavo, eram muitas e as oportunidades que Cláudio Rio Mendes, um advogado de 35 anos, tinha para ver a filha eram escassas. Ontem, durante uma visita à menina, de quatro anos, no parque da Mamarrosa, em Oliveira do Bairro, o clima de tensão aumentou e Cláudio foi executado com três tiros pelo ex-sogro, Ferreira Silva. O homicídio foi filmado por telemóvel pela sobrinha da namorada do advogado, filme esse entregue à PJ de Aveiro. A juíza assistiu a tudo.

Ferreira Silva, engenheiro, fugiu do local com a filha, Ana Carriço, a neta e uma tia. De seguida, ligou ao irmão da vítima, a quem relatou o crime. "É só para te dizer que o teu irmão está morto." O homicida, de 62 anos, dirigiu-se depois ao posto da GNR de Bustos, onde se entregou. À hora do fecho desta edição, estava a ser interrogado na Polícia Judiciária de Aveiro.

"Ouvi gritos e liguei para a GNR. A namorada da vítima estava em cima do corpo com um pano, a fazer pressão no peito", contou ao CM Susana Pato, que alertou as autoridades.

O crime ocorreu às 11h30, altura em que Cláudio se encontrou com a juíza Ana Carriço no parque da Mamarrosa. O ex-casal tinha um processo de regulação paternal a correr no tribunal, pelo que a vítima apenas poderia ver a filha quinzenalmente, durante uma hora. O encontro deveria ser num local público e ambos levavam testemunhas para evitar a tensão. Cláudio levou a namorada e a sobrinha dela; Ana foi com o pai e a tia-avó.

Durante o encontro, o advogado envolveu-se em confronto físico com a família da juíza. A sobrinha da namorada de Cláudio, 17 anos, gravava tudo. Até que, enfurecido e sem que nada o fizesse prever, Ferreira Silva pegou num revólver .32 e disparou cinco tiros. O primeiro atingiu Cláudio no peito; dois atingiram-no nas costas, quando tentava fugir; os outros dois não lhe acertaram. Enquanto o homicida e a família saíam do local do crime, a namorada de Cláudio tentava, em vão, salvá-lo.

PERFIL

Advogado Cláudio Rio Mendes, de 35 anos, exerceu durante muitos anos as funções de jurista na Câmara do Porto. A separação de Ana Carriço, juíza, levou-o a um estado de depressão que acabou por o desestabilizar emocionalmente. Actualmente exercia as funções de advogado no Porto.

CRIME NO PARQUE CHOCA POPULAÇÃO

Durante a tarde de ontem, algumas horas após o crime, foram vários os populares que se deslocaram ao local do crime. Incrédulos com o sucedido, garantiam que o homicida, Ferreira Silva, era uma pessoa estimada na zona. "Ele era uma jóia de pessoa, embora fosse introvertido e não comunicasse muito com as pessoas aqui da terra. Mas nunca pensei que fosse capaz de cometer um crime destes", garantia ao CM uma vizinha. "É uma tragédia", lembrava outro, enquanto o facto de o agressor estar armado levantava dúvidas aos moradores.

Os populares de Mamarrosa também ainda não conseguiam ontem acreditar como é que o crime foi cometido em pleno parque, um local que é habitualmente frequentado por famílias aos fins-de-semana e também por muitas crianças.

VIU O HOMICIDA A FUGIR DO LOCAL

Os tiros ecoaram pelas redondezas. Susana Pato, uma engenheira de 29 anos, estava em casa quando ouviu os estrondos. "Vi logo que eram tiros. E depois ouvi gritos, fui à rua e vi uma senhora no meio da rua a gritar por socorro", recorda a mulher. Susana ainda chegou a assistir à fuga de Ferreira Silva, que apressado saiu do local a toda a velocidade. "Vi dois carros a sair muito depressa, um era da filha e o outro do pai", concluiu a testemunha.

FAMÍLIA ACUMULOU FORTUNA

O engenheiro Ferreira Silva e a mulher, Graciete, vivem há vários anos na localidade da Mamarrosa, numa vivenda rodeada por muros altos, onde também residem a juíza Ana e a filha de quatro anos. Mas na vizinhança quase ninguém os vê.

"Entram e saem de carro da vivenda e ninguém sabe nada deles. Não se dão com ninguém por aqui. Mas o senhor é bem-educado e também nunca tratou mal ninguém", contou ao CM uma vizinha, que preferiu não ser identificada.

Embora seja engenheiro agrónomo, Ferreira da Silva era conhecido pelos negócios no ramo imobiliário, através dos quais conseguiu juntar uma enorme fortuna. Comprava terrenos e construía casas, que depois vendia. "Ultimamente o negócio dele eram zonas florestais que explorava", disse outro vizinho ao nosso jornal.

Ontem, à porta da família, não havia movimentações. Após entregar-se à GNR, o homicida foi levado para as instalações da Polícia Judiciária de Aveiro, onde foi interrogado durante várias horas. Ficará detido até amanhã, altura em que será presente a um juiz de instrução do Tribunal de Oliveira do Bairro.»


in CM online, 06-02-2011



AVISO


Este vídeo contém imagens chocantes




Vídeo in YouTube, 22-02-2011


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