terça-feira, 15 de março de 2011

Manuel Maria Carrilho senta-se hoje no banco dos réus

«Seis anos depois de se ter candidatado à presidência da Câmara de Lisboa, Manuel Maria Carrilho, o ex-ministro da Cultura de António Guterres e ex-embaixador junto da UNESCO, começa hoje a responder em tribunal pelos crimes de difamação e ofensa a pessoa colectiva, na sequência de uma queixa apresentada pelo proprietário da agência de comunicação Cunha Vaz & Associados. Ao todo são nove crimes: cinco por difamação e quatro por ofensa a pessoa colectiva.


- Manuel Maria Carrilho -

O processo foi movido pelo proprietário da Cunha Vaz, António Cunha Vaz, devido às afirmações feitas por Manuela Maria Carrilho no livro intitulado Sob o Signo da Verdade, onde o ex-candidato à Câmara de Lisboa acusa a empresa de comprar jornalistas e opinadores, justificando assim a sua derrota nas eleições autárquicas de 2005.

O julgamento chegou a estar marcado para Janeiro de 2010, mas o Tribunal Criminal de Lisboa adiou-o para hoje, por razões processuais. Cunha Vaz espera que a justiça funcione e que Carrilho "seja, de facto, condenado pelos disparates que escreveu no livro". "O dr. Manuel Maria Carrilho acusou-me no seu livro de ser corrupto e mercenário e agora vai ter de provar em tribunal que isso é verdade. Vai responder por afirmações que ele acha que não são ofensivas", disse ontem em declarações ao PÚBLICO. Afirmando que nada o fará desistir deste caso, António Cunha Vaz disse que sofreu "várias pressões", que não especificou, para desistir da queixa: "Já recebi muitos pedidos para desistir do caso, já recebi muitas pressões políticas para deixar cair o caso, mas não cedo, porque o caso é para ir até ao fim."

"Manuel Maria Carrilho tem de ser condenado pelos disparates que diz e espero que a justiça aplique a lei da forma que eu a entendo", disse, sublinhando que, no seu caso concreto, "não há dinheiro nenhum" que o faça desistir. "Não há acordo para ninguém, seja qual for o montante que me ofereçam", declarou. Deixando uma nota de confiança no funcionamento dos tribunais, Cunha Vaz espera, assim, que este caso seja exemplar e que Carrilho "aprenda a ser um homenzinho".

"Na primeira sessão do julgamento estou disponível para falar na presença do dr. Manuel Maria Carrilho", declarou o queixoso, reafirmando a sua confiança na justiça. "Eu não condiciono juízes, nem digo que fui ministro, nem que sou o Jacques Lang [ex-ministro Cultura francês] português, e não digo que tudo o que não é espelho é feio, eu essas coisas não digo. Os juízes é que julgam, não faço sugestões, nem dou palpites."

A decisão de pronunciar o ex-ministro da Cultura do Governo do PS pelos crimes de difamação e ofensa a pessoa colectiva foi tomada pelo Tribunal da Relação de Lisboa, após a primeira instância ter decidido não levar Carrilho a julgamento. "Se os senhores doutores juízes me fizerem o favor de me dar os 500 mil euros que peço de indemnização, faço questão de a dar à Associação das Mulheres Vítimas de Violência Doméstica", adiantou Cunha Vaz.

O PÚBLICO contactou, por diversas vezes, Manuel Maria Carrilho para se pronunciar sobre o caso, mas o ex-ministro da Cultura mostrou-se sempre indisponível.»


Texto in Público online, 15-3-2011
Imagem in Google


Sem comentários:

Enviar um comentário