terça-feira, 12 de julho de 2011

Sesimbra: Ministério Público pede pena suspensa em morte de escuteiro

«O Ministério Público pediu esta terça-feira a condenação, com pena suspensa, de cinco monitores espanhóis acusados de homicídio por negligência pela morte do jovem escuteiro Diego Amador, que faleceu durante uma caminhada na Arrábida em Agosto de 2005.

O procurador do Tribunal de Sesimbra, Luís Martins, considerou nas alegações finais que a "prova produzida em julgamento sustenta a matéria da acusação" e pediu a condenação dos arguidos César Lamata (coordenador), Patrícia, Sónia, Irene Franco e Pedro Biezma.

Os cinco monitores espanhóis pertencem a um agrupamento de escuteiros de Madrid que organizou um acampamento de verão com diversas caminhadas pela Arrábida no verão de 2005.

O procurador considerou provado que o jovem espanhol Diego Amador, de 13 anos, terá morrido devido a um "golpe de calor" e que os cinco monitores não terão tido o especial dever de cuidado a que estavam obrigados, dado que tinham a seu cargo 22 crianças que participavam na caminhada, realizada num dia de calor muito intenso.

O advogado da família de Diego Amador, João Medeiros, que também pediu a condenação dos arguidos - reconhecendo que a execução da pena deveria ser suspensa -, afirmou que a caminhada foi mal planeada e que nunca se deveria ter realizado, devido às temperaturas elevadas que se faziam sentir na zona de Sesimbra.

Para João Medeiros, não só ficou provado em tribunal que o grupo de escuteiros andou perdido na serra, como também terá ficado demonstrado que o jovem Diego terá andado perdido do próprio grupo, situação que, disse, "poderá ter contribuído para o debilitar ainda mais".

Durante o julgamento, alguns escuteiros que participaram no acampamento e na caminhada asseguraram que tinham andado perdidos durante algum tempo, que estava muito calor e que tinham pouca água, mas esta versão foi contrariada por outros elementos do mesmo grupo.

Também por isso, os advogados de defesa pediram a absolvição dos cinco arguidos, defendendo ainda que não tinha ficado provada a causa da morte do jovem, como decorria da própria autópsia, inconclusiva.

"Não é possível dizer que temos a certeza absoluta, que o processo penal exige, que este menor tenha falecido por causa de um golpe de calor, devido à falta de cuidado dos arguidos", disse Catarina Garcia de Matos, posição secundada pouco depois pelo advogado Pedro Afra Rosa.

A leitura da sentença para os cinco arguidos espanhóis, que incorrem em penas de prisão até cinco anos, está marcada para as 14h30 de 25 de Julho. A família do jovem Diego Amador reclama destes cinco arguidos uma indemnização de um milhão de euros.»


in CM online, 12-7-2011

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